PROTOCOLO DE MANEJO DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA SAFRA 2023/2024

Postado 1anoatrás

PROTOCOLO DE MANEJO DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA - SAFRA 2023/2024

1. CONSIDERAÇÕES
Este protocolo tem por objetivo organizar as ações a serem desenvolvidas no Monitoramento e Manejo da Ferrugem-asiática da soja no trabalho realizado no Laboratório de Fitossanidade (LabFito) no IFRS Campus Vacaria e parceiros.
Na safra 2023/2024, as ações estarão concentradas no trabalho com os coletores de esporos da ferrugem-asiática da soja, através de duas ações distintas e complementares, que são:
1) monitoramento da ferrugem-asiática da soja a partir da inspeção de plantas e
2) monitoramento da ferrugem-asiática da soja pelo uso do coletor de esporos.

2. COLETOR DE ESPOROS
O coletor de esporos é um equipamento de uso prático, que possibilita detectar uredósporos do fungo causador da ferrugem. Assim, é possível identificar o momento da chegada dos primeiros esporos em uma lavoura, e monitorar a flutuação de esporos da ferrugem durante a safra.
Acoplado em seu interior, há uma lâmina de microscopia com uma fita adesiva de face dupla, o que permite que as partículas flutuantes no ar fiquem aderidas com a passagem do vento. Após a coleta desta lâmina, sua análise é feita em microscópio óptico. A identificação de uredósporos da ferrugem na lâmina permite planejar com maior segurança a aplicação de fungicidas.
Em um contexto de uma rede de coletores, como o “Sistema de Alerta Labfito”, o monitoramento da flutuação de uredósporos possibilita acompanhar de forma indireta a dinâmica de evolução e disseminação do patógeno em nível regional, podendo auxiliar também na decisão de aplicação de fungicida mesmo em lavouras onde não haja o equipamento instalado.

2.1. Instalação do coletor de esporos no campo
- O coletor de esporos deverá ser instalado em um local da lavoura em que haja fluxo predominante de ventos e de fácil acesso.
- Deve-se evitar proximidades de estradas a fim de minimizar a exposição à poeira e a depredações/furtos.
- O equipamento deverá ficar locado entre 40 e 50 cm acima da cultura da soja.
- Cada coletor representa uma Unidade de monitoramento (UM), em áreas que apresente um ponto geográfico mais representativo para o monitoramento da flutuação de esporos.
- A instalação deverá ser feita logo após a emergência das primeiras lavouras de soja (município ou região), preferencialmente até a data de 15 de novembro para todos os municípios da região dos Campos de Cima da Serra. O calendário visa dar uniformidade do trabalho em formato de rede.

2.2. Instalação da lâmina de microscopia no coletor de esporos
- Na lâmina de microscopia (7,5 cm x 2,5 cm) deverá ser colada uma fita adesiva de face dupla (4 cm a 5 cm), e uma etiqueta na qual deverá constar a identificação da UM e data da instalação da lâmina.
- Para a instalação da lâmina no coletor, deverá ser retirada a proteção da fita adesiva, posicionando-a de forma que a parte colante da fita fique direcionada contra o fluxo de vento. 

- Tão importante quanto à troca da lâmina no campo, é a rapidez com que estas cheguem ao laboratório. Cada UM definirá sua logística de transporte/entrega.
- O acondicionamento desta deverá ser feito em um tubo que acompanha o kit a fim de evitar a contaminação por poeira e afins.

2.3. Frequência de troca e leitura de lâmina
- A troca e leitura das lâminas em microscópio optico deverá ser realizada uma vez (1x) por semana. Porém, com o desenvolvimento da cultura (estádio reprodutivo ou “fechamento de linha”), condições ambientais favoráveis à infecção da ferrugem e/ou presença de esporos em coletores próximos, é aconselhável intensificar o monitoramento com troca e leitura da lâmina duas vezes (2x) por semana.
- O encerramento do monitoramento via coletor de esporos poderá ocorrer a partir da identificação e confirmação da presença de esporos da ferrugem, ou da eventual presença de sintomas na lavoura monitorada, ficando a critério da equipe do Labfito continuidade do monitoramento.
- Salienta-se que tomadas de decisões baseadas estritamente na identificação dos esporos é temerária, pois existe a possibilidade de que o coletor tenha capturado, em um determinado momento, esporos viáveis, e as condições climáticas não permitirem sua germinação. Isso pode ocorrer, em período de exposição à radiação solar, a temperaturas extremas, ventos secos sem chuvas, entre outros.
- E salutar mencionar que a análise das lâminas feita pelos leituristas é uma ação de extrema responsabilidade, pois poderá definir a realização ou não da aplicação de fungicida no campo.

3. INSPEÇÃO DE PLANTAS
-O monitoramento da ferrugem-asiática de uma lavoura deve realizado semanalmente também via inspeção de plantas em cada Unidade de Monitoramento. O momento mais importante é o dia da detecção dos primeiros esporos.
-Detecção da presença da ferrugem: Amostragem de folhas deve começar nos estádios fenológicos, segunda e quartas folhas trifolioladas completamente desenvolvidas; hastes com quatro a cinco nós).
Frequência da amostragem. Semanal. Ex. terças-feiras. Logo após a o início do estádio reprodutivo da cultura deve-se sugere-se a frequência.
-Período de amostragem. Até estádio R6. Porém, o momento mais importante é o dia da detecção de esporos.

-Tamanho da amostra. Coletar próximo ao coletor, 20 folíolos centrais dos pecíolos inseridos na haste principal. Caso o folíolo central esteja injuriado por insetos ou granizo, optar por um dos laterais. Trazer os folíolos em saco plástico até o Labfito juntamente com as lâminas.

-Para a avaliação da incidência (presença de sintomas urédias) da ferrugem-asiática, é necessário o uso de lupa de (mínimo de 20x de aumento).

-Caso exista suspeita de sintomas de ferrugem da soja, deverão ser colocadas as folhas em saco plástico amarrado com algodão umedecido em seu interior (câmara úmida) e deixar em temperatura ambiente por 24 horas. Após esse período, realizar novamente a observação com lupa, verificando se há formação das urédias.
-Registrar a presença dos sintomas na “ficha de monitoramento”.
-Registrar as informações da UM, datas das avaliações e as informações sobre pulverização para posterior geração de informações.

4. TOMADA DE DECISÃO PARA APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS
-A determinação do momento para a aplicação de fungicidas, baseando-se em critérios agronômicos, caberá ao técnico responsável pela condução da lavoura juntamente com o agricultor assistido, devendo-se sempre considerar às condições ambientais, previsão de tempo, estádio fenológico da cultura, característica do cultivar.
Sugere aplicações de fungicidas na lavoura de soja respaldada pela presença de esporos no coletor mediante que as condições ambientais permitirem a germinação de uredosporos.
-Para a ferrugem da soja, a melhor eficiência dos fungicidas ocorre antes da manifestação epidêmica da doença no campo. Logo, recomenda-se os seguintes critérios:
 Na detecção dos primeiros esporos de ferrugem no coletor.
 Na identificação dos primeiros sintomas no campo (incidência).

- Outras informações a serem analisadas: presença de esporos em coletores próximos, sintomas de ferrugem em lavouras vizinhas, condições meteorológicas, estádio da cultura, características do cultivar, entre outras.

Ao se recomendar o controle químico de doenças, recomenda-se a aplicação de “fungicidas de melhor eficácia”. Também, realizar associação com multissítio usando de informações divulgadas pela Embrapa Soja sobre a eficiência de fungicidas, sobretudo para o manejo da ferrugem da soja.
Estes podem ser consultados nas circulares técnicas 148, 160, 161 e 195 (Ferrugem-asiática da soja) da Embrapa disponíveis nos links abaixo:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/199522/1/CT-148-OL.pdf
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/215288/1/CT-160-OL.pdf
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/215604/1/CT-161-OL.pdf
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1154837/1/Circ-Tec-195.pdf

Salienta-se que o Manejo Integrado de doenças preconizado neste protocolo deve levar em consideração a utilização de diferentes técnicas agronômicas, que integradas entre si, possibilita o manejo da ferrugem-asiática da soja de forma racional e econômica.